Conheça os 10 passos para implementar, com sucesso, a cultura e o programa ESG na organização.
Ter um programa ESG tornou-se necessidade para empresas de todos os tamanhos. Indústrias, prestadores de serviços, mineradoras, montadoras, comércio, redes de concessionárias, agronegócio, todos os setores estão, agora, inseridos em um ambiente socioeconômico que valoriza e cobra práticas ESG nas organizações. Não se deve tratar o tema como uma análise para determinar se a empresa adotará ou não o programa ESG, mas sim, quando será adotado e com qual estrutura.
O programa ESG é par do programa de ‘compliance’ e integridade. Os dois devem caminhar juntos como organismos vivos dentro das empresas.
Assim como o programa de compliance, o ESG envolve riscos se for negligenciado ou tratado como algo secundário no ambiente corporativo, pois requer diagnóstico, controle, disciplina, monitoramento, treinamento e aculturamento, em conformidade com os valores e o propósito da organização. A principal razão está nos riscos legais, financeiros e potenciais danos para a imagem da marca e reputação da empresa, caso ocorram crises no campo da governança corporativa (gestão, transparência e ética), ou no âmbito da sustentabilidade, responsabilidade social, ambiental, inclusão, diversidade, atuação na comunidade, respeito às pessoas etc.
ESG não é moda, é um conceito em expansão e um caminho sem volta, além de representar muito dinheiro no negócio e criação de valor.
Não há fórmula pronta “de prateleira”. Cada caso é um caso; cada empresa é única.
Primeiramente, o ESG deve ser incluído como pauta fundamental nas agendas das empresas, sejam elas de qualquer porte ou modelo de negócios. Não é obrigatório que a empresa tenha um profissional exclusivamente dedicado à gestão do ESG, desde que exista um processo estruturado de conscientização, ação e monitoramento, onde todos atuem como embaixadores dos valores e propósito da organização. Contudo, é desejável que um profissional inspirador lidere o programa e tenha delegação de autoridade para agir, em conformidade com normas e procedimentos estabelecidos. Não há no mercado, um profissional absolutamente especializado em ESG, que traga uma “fórmula pronta de prateleira”; pois ela não existe. O programa deve ser “tailor made”, assim como o profissional deve se desenvolver, preferencialmente, junto com a organização. O que se busca no mercado são características específicas de um(a) profissional que possa assumir essa responsabilidade e consiga transitar entre todas as áreas.
Antes de entrar nos dez passos da MA8 para a implementação do programa ESG, quero voltar a alguns conceitos básicos que simplificam a compreensão dessas três letrinhas no mundo corporativo.
Três pilares de sustentação do ESG (Ambiental | Social | Governança)
Ao descrever a abrangência do ESG (Environmental, Social, Governance), devo relembrar as definições de sustentabilidade, responsabilidade social e governança corporativa, para que o cliente possa compreender a razão pela qual investidores e fundos de investimentos passaram a valorizar a presença da pauta ESG nas organizações e nos conselhos.
A sustentabilidade também engloba as questões ambientais, em uma agenda econômica de longo prazo. Os recursos naturais são finitos e os ecossistemas possuem, de certa forma, capacidade de regeneração limitada face às agressões naturais ou acidentais, sendo que as cadeias de produção e consumo serão afetadas em caso de um colapso desses recursos, impactando diretamente a Economia e comprometendo a qualidade de vida das futuras gerações.
A Comissão Mundial do Meio Ambiente e Desenvolvimento (CMMAD) definiu o termo “desenvolvimento sustentável” como sendo o desenvolvimento que satisfaz as necessidades do presente, sem comprometer a capacidade das gerações futuras em satisfazerem as suas próprias necessidades.
A responsabilidade social conecta-se com o conceito de sustentabilidade, quando muitos problemas ambientais e má utilização dos recursos naturais ocorrem em consequência da pobreza e da deficiência educacional. Assim, atuar e influenciar ações que visem a redução das desigualdades é muito bem-vindo para a identificação de um novo propósito, de modo a promover uma convivência harmônica entre o meio-ambiente, o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento social.
Os pilares do ESG no ambiente corporativo
Os consumidores estão mais conscientes e críticos em relação às questões ambientais e qualidade de vida, valorizando as empresas que consideram esses temas em seus planejamentos estratégicos, em favor da comunidade e do desenvolvimento sustentável. As demandas por redução da desigualdade, inclusão social, diversidade e todos os temas ligados aos direitos humanos, incluindo programas educacionais, sugerem que as organizações entendam que o mercado consumidor e os agentes financiadores darão preferência para empresas e produtos que tragam tais atributos em seu DNA.
Empresas que buscam longevidade e consistência em resultados devem, também, gerenciar os recursos naturais de forma responsável e desenvolverem sistemas de produção mais eficientes. Marcas socialmente responsáveis, por propósito e não como instrumento de propaganda (bluewashing), serão mais respeitadas e naturalmente tendem a gerar mais valor para os acionistas e stakeholders.
OS 10 PASSOS DA MA8 PARA IMPLEMENTAR UM PROGRAMA “ESG”
Para que a organização se modernize, em todos os aspectos de gestão e governança, a MA8 atua no desenvolvimento e implementação de um programa ESG, por meio das seguintes etapas;
1. Uma decisão estratégica colaborativa e matricial. Maturidade da organização.
Geralmente, as decisões estratégicas vêm de cima. Contudo, o ESG não é um conceito que pode ser aplicado por meio de uma decisão “from the top”, pois é fundamental que o envolvimento das lideranças ocorra naturalmente. Todos devem querer conduzir a organização a um outro nível de gestão responsável, por propósito e valores, e não por imposição ou decisão da administração.
2. Assegurar o suporte da gestão.
Uma vez definida estrategicamente na administração, a gestão precisa apoiar o programa, mas antes de qualquer coisa, precisa compreender os conceitos, riscos, importância e amplos benefícios. É fundamental que todos na organização estejam seguros de que a gestão da empresa apoia e avaliza o programa. Para isso, o principal líder da empresa (CEO, presidente ou dono) deverá se comportar como embaixador da implementação e difusor da cultura. Dessa forma, os primeiros passos de conscientização serão realizados com essa figura, depois com a diretoria e posteriormente, disseminados internamente.
3. Incluir os recursos necessários no orçamento
O programa ESG é um organismo vivo que requer alimentação e cuidado ao longo do tempo. A empresa deve se preparar, anualmente, para as despesas e investimentos necessários, lembrando que os riscos de não ter um programa ESG são bem maiores que os números no orçamento para sua manutenção. Uma vez implantado o programa, ocorrerá um natural engajamento de toda a organização, com benefícios e gestão de riscos que compensam, infinitamente, o investimento.
4. Avaliar os riscos da organização
Deve-se executar um completo diagnóstico de exposição da organização, quanto aos pilares da gestão ambiental, responsabilidade social, sustentabilidade e governança. A MA8 possui uma ferramenta exclusiva para essa avaliação, a qual assegura a máxima confidencialidade, pois são dados sensíveis.
5. Conjugar os verbos do ESG dentro do Código de Conduta e Política de Compliance
É fundamental que o ESG faça parte de uma política de compliance e integridade e tenha o compromisso de todos, emocional, atitudinal e formal.
6. Treinamento e Conscientização de todos na organização
Não basta haver regras, quadros, workshops e mensagens regulares, é preciso que as pessoas compreendam os conceitos e os caminhos do programa ESG, sabendo agir em casos de anomalias ou gestão dos riscos para a organização.
7. Comunicação estratégica corporativa
Não deixe de comunicar internamente e externamente seus feitos e conquistas dentro do programa ESG, mas cuide para que o ESG não se torne um instrumento de propaganda daquilo que não se pratica, pois isso corrói o programa e a confiança. A comunicação estratégica corporativa é parte integrante da disseminação e fortalecimento cultural.
8. Envolva seus fornecedores, parceiros e toda sua cadeia logística
Faça com que todos participem do seu propósito e sintam-se acolhidos por ele. A disseminação da política de compliance da organização levará consigo os valores e princípios das práticas ESG.
9. Definição do Embaixador do processo
Para assegurar a transformação cultural e continuidade do programa, é fundamental definir o embaixador da mudança. Se puder ser o principal líder da empresa, melhor, mas se ele (ou ela) não puder, por questões de agenda, seja definido alguém que exerça influência e reconhecido como referência. Esse(a) profissional precisará receber o treinamento adequado; apenas talento não basta.
10. Monitoramento constante
Estabeleça uma rotina de monitoramento do programa, com métricas internas de conquistas e méritos. Identifique os benefícios e faça com que todos na organização sintam-se pertencentes a eles.
As boas práticas corporativas de gestão ambiental, social e de governança estão associadas a negócios sólidos e lucrativos.
Empresas com essa agenda possuem melhor qualidade de gestão e isso soa como música para os ouvidos dos investidores, bancos e gestores de fundos de investimentos, que passam, também, a avaliar essas empresas por meio da prática ESG e assim, criam índices que as classificam em níveis de gestão, sustentabilidade, governança e responsabilidade social.
Uma boa governança corporativa deve garantir que a empresa seja ética e não susceptível a corrupção e práticas ilícitas, valorizando a transparência, controle e a prestação de contas. Esse pilar esclarece o fato de o programa de compliance caminhar junto com o programa ESG.
Os riscos relacionados aos aspectos ESG ganharam muita importância em decorrência de recentes casos de corrupção, catástrofes, acidentes ambientais e danos irreparáveis para muitas marcas, seja por causa disso ou por outros problemas relacionados às questões sociais e direitos humanos.
Valor e imagem de marca são ativos muito importantes que devem ser bem gerenciados e preservados, com visão de perenidade e sustentabilidade.
Uma empresa socialmente responsável não se restringe à prestação de contas de suas responsabilidades legais, mas em promover ações sociais que vão além disso, praticar atitudes que promovam o bem-estar interno (corporativo) e externo (comunidade), apoiar causas sociais, educacionais, combater o trabalho infantil, escravo e ampliar todo esse conceito para sua cadeia logística.
Coloque a agenda ESG no radar, nos princípios e propósitos de gestão da sua empresa, independentemente do tamanho que ela tenha. Sua organização será medida por isso, cedo ou tarde. Esteja preparado para não comprometer o futuro estratégico do negócio, a criação de valor econômico e a imagem de sua marca.
Orlando Merluzzi
Consultor Sênior, Sócio-gestor da MA8, Conselheiro Independente e Palestrante
email: merluzzi@www.ma8consulting.com
Na MA8 realizamos o diagnóstico, avaliação de riscos, oportunidades e aculturamento do ESG, independentemente do tamanho da organização. 80% de um programa ESG é processo, gestão, monitoramento, disposição e atitude.